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O déficit de armazenagem que o Brasil enfrenta há mais de 30 anos foi tema de uma apresentação realizada nesta quarta-feira, 22, pelo diretor-executivo da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (ACEBRA), Roberto Queiroga, na Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio (CTLOG), do Ministério da Agricultura e Pecuária.

Pauta da ACEBRA há mais de 10 anos, a falta de armazéns no país para guardar a crescente safra de grãos é um problema logístico que afeta muito os produtores rurais brasileiros. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a capacidade estática atual é de 199.533.849 toneladas, conforme a imagem 1:

Imagem 1 – Capacidade estática de armazenagem no Brasil. Fonte: Conab

Na última safra de grãos, foram colhidas 322,8 milhões de toneladas. Para a safra atual, a previsão da Conab é de que sejam produzidas 316,7 milhões de toneladas. Veja nas imagens abaixo o crescimento da safra de grãos desde 2010 (Imagem 2) e a capacidade armazenadora no Brasil (Imagem 3), que não acompanha esse crescimento:

Imagem 2 – Crescimento da produção de grãos no Brasil desde 2010. Fonte: Conab

Imagem 3 – Evolução da capacidade estática de armazenagem no Brasil desde 2010. Fonte: Conab

De acordo com Queiroga, nos últimos 35 anos houve poucos incentivos à armazenagem no Brasil. Algumas linhas de crédito, como a Moderinfra e o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), com juros equalizados que beneficiavam apenas produtores rurais e suas cooperativas, e alguns breves momentos de entradas de outros operadores (PSI Cerealista e PCA Cerealista), mas com janela curta para operacionalizar os investimentos. Após mostrar uma projeção para os próximos dez anos, com safras de grãos que devem ser cada vez maiores e com uma capacidade armazenadora que não acompanha esse crescimento, Queiroga questionou: “quando entenderemos que o atual sistema colapsará em poucos anos e os produtores rurais serão os primeiros atingidos por isso?”

Ainda, o diretor executivo da ACEBRA apontou outros questionamentos que devem ser considerados: “serão mantidos os incentivos de 35 anos esperando colher resultados diferentes? E o que é melhor para o produtor: mais oferta de armazéns por mais operadores ou insistir em ofertar crédito de investimento apenas para ele?”

 A CTLOG encaminhará o assunto ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, sugerindo que seja criada uma política nacional de armazenagem, para tratar o tema e oferecer soluções efetivas capazes de ampliar a capacidade armazenadora e reduzir esse déficit que persiste há tantos anos no Brasil.

A ACEBRA se manterá atenta e mobilizada quanto ao tema, oferecendo suas contribuições e trabalhando para que as empresas cerealistas sejam vistas como parceiras capazes de contribuir com a ampliação da capacidade estática no país, desde que tenham acesso a linhas de crédito e outras políticas públicas voltadas a esse fim. 

Fonte: Marília Souza/ACEBRA

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