Apesar de Mato Grosso ser o maior produtor de grãos do país, a conectividade digital em áreas irrigadas ainda é limitada. Levantamento da Conectar Agro em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (MG) mostra que apenas 25,15% da área irrigada por pivôs centrais no estado conta com cobertura de internet móvel 4G ou 5G.
De acordo com o estudo, Mato Grosso possui 212 mil hectares irrigados por pivôs centrais, mas somente 41,7 mil hectares estão efetivamente conectados. O índice está abaixo da média nacional, que é de 28,26%.
O presidente da Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Colheitas Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir), Hugo Garcia, avalia que a falta de conectividade é um dos principais gargalos para o avanço tecnológico no campo.
“Não basta ter o pivô mais moderno se o produtor não consegue conectá-lo a sistemas digitais de monitoramento. Em Mato Grosso, muitos irrigantes ainda operam praticamente às cegas por falta de infraestrutura de telecomunicações”, afirmou.
Desigualdade entre estados
Enquanto São Paulo lidera em proporção de área irrigada conectada, com 53,45%, Mato Grosso segue em posição intermediária. Estados como Minas Gerais (26,54%) e Goiás (24,48%) apresentam índices semelhantes, mas a situação é ainda mais crítica em locais como Rondônia, que não tem nenhuma área irrigada conectada.
Para Garcia, a baixa cobertura digital compromete tanto a eficiência quanto a sustentabilidade da produção agrícola.
“Com internet estável, o produtor poderia cruzar informações climáticas e de solo em tempo real para usar a água de forma mais racional. Isso gera economia e mais sustentabilidade. Mas sem conectividade, todo esse potencial se perde”.
Uma das propostas para ampliar a conectividade rural por parte da Aprofir é Projeto Irrigação Legal, que está em sua primeira etapa, no município de Sorriso. O objetivo é mapear pivôs de irrigação e auxiliar produtores na regularização de suas atividades. O levantamento inicial já identificou 237 pivôs no município, equipamentos responsáveis pela irrigação de grandes áreas de lavoura.
O projeto terá outras fases em diferentes regiões do estado e deve ajudar a criar um procedimento mais uniforme para o setor. “Estamos começando por Sorriso, mas a ideia é expandir. A lei estadual dos irrigantes, sancionada em dezembro, abre oportunidade para que produtores que estão irregulares possam se enquadrar. Nosso papel é justamente auxiliar nesse processo”.
Garcia ainda reforçou que ampliar a rede digital em áreas irrigadas não é apenas uma questão de tecnologia agrícola, mas também de inclusão social. “Mais conectividade significa mais produtividade, mas também oportunidade de fixar jovens no campo e reduzir o êxodo rural. Isso é tão estratégico quanto a irrigação”, concluiu.
Assessoria Aprofir
(Com informações do Agro Estadão)
