
O presidente da Aprofir Brasil e vice-presidente da Aprofir Mato Grosso, Leandro Lodea, chamou atenção para a queda histórica no consumo de arroz e feijão no país durante entrevista ao programa Primeira Página, da Rádio Centro América, em Sorriso, e sobre a importância de fortalecer a produção de pulses e a diversificação das culturas em Mato Grosso como alternativa para manter competitividade e estabilidade ao produtor.
Lodea explicou que o consumo médio de arroz, que já chegou a 47 quilos por pessoa ao ano nos anos 1990 e 2000, caiu para cerca de 34 quilos. O feijão segue o mesmo comportamento. Para a Aprofir, a redução reflete mudanças no estilo de vida da população, que passou a optar por refeições mais rápidas e produtos pré-prontos, deixando de lado o preparo tradicional dos alimentos básicos.
Segundo ele, embora a oferta continue regular, a mudança de hábito é evidente. “O ritmo acelerado do dia a dia afastou o consumidor daquele preparo caseiro. Isso impacta diretamente o consumo, mesmo com produção suficiente”, avaliou.
Segundo o representante da entidade, Mato Grosso segue como destaque nacional na produção de pulses, especialmente feijões especiais, como rajado, vermelho e branco, que têm forte demanda no mercado externo. A Aprofir atua na articulação de pesquisas, abertura de mercados e apoio ao produtor para ampliar a competitividade dessas culturas.
Lodea lembrou que culturas como grão-de-bico, lentilha e ervilha ainda dependem de avanços genéticos para adaptação ao clima e à altitude do estado, mas projetos já estão em andamento, além de esforços diplomáticos para ampliar as exportações. “Estamos trabalhando para avançar com feijão carioca para a Índia e para abrir portas para feijão mungo e adzuki na China”.
A abertura do mercado chinês ao gergelim, alcançada no último ano, é usada pela Aprofir como exemplo de como novas culturas podem se consolidar rapidamente. A entidade avalia que o Brasil tem condições de se tornar protagonista global nessa produção em pouco tempo.
Integração de sistemas e irrigação fortalecem o produtor
Durante a entrevista, a Aprofir também falou do papel da irrigação como fator estratégico para estabilidade e produtividade. Segundo Lodea, o Mato Grosso possui hoje cerca de 220 mil hectares irrigados, com potencial para expansão. Esse sistema permite ao produtor explorar terceira safra, reduzir riscos climáticos e aproveitar melhor a estrutura da propriedade.
“Quando o produtor utiliza irrigação, ele garante estabilidade e consegue trabalhar com feijões especiais no período seco, mantendo a propriedade ativa e reduzindo custos”, explicou.
A diversificação é apontada pela Aprofir como caminho essencial para a sustentabilidade econômica. Culturas como gergelim e amendoim têm ganhado espaço, embora exijam cuidados e planejamento.
Ao final da entrevista, Lodea destacou que a Aprofir Brasil e a Aprofir Mato Grosso estão de portas abertas para apoiar produtores interessados em pulses e colheitas especiais. Para ele, sustentabilidade envolve não apenas o meio ambiente, mas a permanência do agricultor no campo com rentabilidade e segurança.
“Produzimos alimentos para o Brasil e para o mundo. Nosso compromisso é garantir que o produtor tenha condições de continuar gerando alimento, renda e desenvolvimento”, afirmou.